Menos um milhão de portugueses em 2050 Número de filhos insuficiente para renovar gerações. Mas esperança de vida vai aumentar Portugal vai ter menos população Morre-se cada vez mais tarde
A população portuguesa crescerá apenas até 2010, para 10.082.000 habitantes, diminuindo a partir daí até 8.302.000 em 2300, indicam dados divulgados pela ONU.
De acordo com este cenário, Portugal, que tinha 10.106.000 milhões de habitantes em 2000 terá uma população de apenas 9.027.000 pessoas em 2050, 7.335.000 em 2100 e 7.727.000 em 2200.
Quanto à população mundial, agora com 6,3 mil milhões de pessoas, ela crescerá para 9 mil milhões em 2300.
Contribuirão para esse aumento países como a Índia (mais 355 milhões), Paquistão (mais 216,5 milhões), EUA (mais 208 milhões), Indonésia (mais 64,6 milhões), Filipinas (mais 50 milhões), Egipto (mais 56 milhões), Afeganistão (mais 52 milhões), Brasil (mais 50 milhões), Iraque (mais 40 milhões), Irão (mais 34 milhões), Marrocos (mais 16 milhões) ou Argélia (mais 15 milhões).
Haverá também crescimento demográfico em todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), de acordo com estudos feitos.
Tendo como referência o intervalo entre 2000 e 2300, a população angolana subirá de 12,3 milhões para 56,1 milhões (mais 43,7 milhões), a moçambicana de 17,8 milhões para 32.474 (mais 14,6 milhões), a guineense de 1,367 milhões para 6,305 milhões (mais 4,938 milhões), a cabo-verdeana de 436 mil para 807 mil (mais 371 mil) e a são-tomense de 149 mil para 380 mil (mais 231 mil).
Pelo contrário, a população da China, a maior do mundo com 1,275 mil milhões de habitantes, não crescerá significativamente até 2300 (1,285 mil milhões), depois atingir um máximo em 2030, com 1,450 mil milhões.
A população diminuirá também em países desenvolvidos como a Rússia, onde descerá ano após ano de 145,6 milhões para 91,6 milhões, o mesmo acontecendo em países da União Europeia como Itália (de 57,5 para 37,8, menos cerca de 20 milhões), e Espanha (de 40,7 para 32,7 milhões, menos 8 milhões).
Seguindo o «cenário médio» deste estudo das Nações Unidas, em 2300 a população de África representará 24 por cento da população mundial (o dobro dos valores de hoje), enquanto a população da Europa se ficará pelos 7 por cento da população mundial, quando hoje representa 12 por cento.
Por outro lado, se a taxa de fertilidade for de 1,85 crianças por mulher, a população mundial dentro de três séculos será menos de 2,3 mil milhões, enquanto se a taxa for na ordem dos 2,35, o planeta Terra será habitado por 36,4 mil milhões de pessoas daqui por 297 anos.
No «cenário constante», isto é, se o nível de fertilidade se mantiver nos valores actuais (2,68), a população mundial atingirá os 134 mil milhões de pessoas em 2300, o que, segundo o estudo, «indica claramente que os actuais níveis elevados de fertilidade não podem manter-se indefinidamente».
Alentejo mais velho
Com menos casamentos e nascimentos e com mais filhos extra-casamento
O Alentejo, que ocupa quase um terço do país, tem seis vezes menos habitantes do que a «grande Lisboa» mas também a população mais envelhecida, menos casamentos e nascimentos e mais filhos extra-casamento.
Enquanto na região de Lisboa e Vale do Tejo vivem quase 3,5 milhões de pessoas, o Alentejo pouco ultrapassa os 500 mil habitantes.
Segundo a publicação do Instituto Nacional de Estatística (INE) «Um retrato territorial de Portugal», são os concelhos alentejanos que têm a maior percentagem de nascimentos fora do casamento, em oposição com o litoral norte e interior centro.
Da mesma maneira, são também estas duas regiões que apresentam mais altas taxas de casamentos católicos e mais baixos números de divórcios.
No sul, em particular concelhos como Almodôvar, Aljezur, Ourique, Cuba ou Alter do Chão (entre outros do Algarve ou interior centro) a percentagem de nados-vivos fora do casamento oscila entre 36 e 52. No litoral os números situam-se entre zero e 12 por cento.
Segundo os mesmos dados, a taxa de fecundidade geral é maior no litoral norte e nos concelhos à volta de Lisboa (mas não o de Lisboa), aparecendo o sul do país e todo o interior com baixos números de nascimentos, até porque são também as zonas mais envelhecidas.
Olhando para o índice de envelhecimento por concelho o país apresenta duas áreas distintas: os concelhos do interior e todo o Algarve e Alentejo (excepto Sines) estão envelhecidos e os concelhos à volta da Lisboa, do litoral norte e das ilhas são mais jovens, ou seja, nascem mais pessoas do que as que morrem.
Segundo o último recenseamento da população (2001, dados a que se refere o «retrato») o Alentejo tinha uma taxa de crescimento negativo de 5,8 por cento, quando o litoral norte tinha um crescimento positivo de 2,6 por cento.
Por outras palavras, no Alentejo, no Centro e no Algarve morre-se mais do que se nasce, em Lisboa e Vale do Tejo a situação já se inverte, com uma maior taxa de natalidade do que mortalidade, e no Norte, Açores e Madeira a diferença positiva é ainda maior.
Em 2001, os 16 concelhos mais envelhecidos pertenciam ao Alentejo, Centro e Algarve.
Nisa, Vila Velha de Ródão, Idanha-a-Nova, Penamacor, Alcoutim e Gavião tinham mais de 400 idosos por cada 100 jovens.
Os Açores eram a região menos envelhecida do país.
Emigrantes que trabalharam vários anos no estrangeiro recebem também a pensão do país de acolhimento
Morre-se cada vez mais tarde
Mortalidade em Portugal subiu ligeiramente entre 2001 e 2002. Mas esperança de vida é maior
A mortalidade em Portugal subiu ligeiramente entre 2001 e 2002, embora a esperança de vida seja cada vez maior e a população idosa esteja a aumentar, segundo dados hoje revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com as estatísticas demográficas, referentes à mortalidade, o número de óbitos subiu de 105.582, em 2001, para 106.690, em 2002, o que se traduz num ligeiro aumento de 0,2 por cento. No entanto, relativamente à taxa de mortalidade geral manteve-se o mesmo valor nos dois anos: 10,2 óbitos por mil habitantes. A maioria das mortes ocorreu entre a população mais idosa, sendo que 79,7 por cento do total de óbitos corresponderam a pessoas com 65 ou mais anos, enquanto que 19,4 por cento das mortes ocorreram na faixa etária dos 15 aos 64 anos e 0,9 por cento antes dos 15 anos. Reportando-se a 1960 - ano em que a esperança de vida à nascença se situava nos 60,7 anos para os homens e nos 66,4 anos para as mulheres -, os dados do INE indicam que as percentagens de óbitos foram de 50,5 para os 65 anos ou mais, 25,2 para a faixa dos 15 aos 64 anos e 24,2 para pessoas com menos de 15 anos.
Entre 2001 e 2002, a esperança de vida à nascença, em Portugal, situava-se nos 73,7 anos de idade para os homens e nos 80,6 anos para as mulheres. No quadro da União Europeia, a esperança de vida à nascença passou, entre 1960 e 2001, de 67,4 para 75,5 anos de idade nos homens e de 72,9 para 81,6 nas mulheres, sendo que a maior longevidade nos homens se verifica na Suécia (77,7 anos) e nas mulheres se verifica em Espanha (83,1 anos). Os valores mais baixos quanto à esperança de vida à nascença foram encontrados na Irlanda, com 73,4 anos para homens e 78,5 anos para mulheres.
A longevidade dos sexos verifica-se, por exemplo, no número de óbitos dos homens, que é sempre superior ao das mulheres nas idades inferiores aos 75 anos - na sua maioria, os homens vivem menos tempo. Mas em média vive-se mais tempo em Portugal, por isso, ao longo dos anos, a mortalidade a partir dos 75 anos de idade tem vindo a aumentar. Em 1960, registaram-se 29.831 mortes de pessoas com 75 anos ou mais (11.602 homens e 18.229 mulheres), o que correspondeu a 31,4 por cento do total de óbitos ocorridos nesse ano.
Vinte anos mais tarde - 1980 - essa percentagem subiu para 44, e passados mais vinte anos - 2000 - elevou-se para 58,4. Em 2002, os óbitos em pessoas com 75 anos ou mais atingiram os 60 por cento, o que correspondeu a 64.003 mortes, 27.815 homens e 36.188 mulheres. Na mesma análise apresentada pelo INE, constata-se que a taxa de mortalidade em idades iguais ou superiores a 75 anos tem decrescido, já que, entre 1993 e 2002, a taxa passou, nos homens, de 124,5 por cento para 100,1 por cento, e nas mulheres, de 97,8 para 81 por cento.
Este decréscimo deve-se, exclusivamente, ao maior acréscimo da população residente no grupo etário dos 75 ou mais anos.
Conclusão: Melhores políticas de Natalidade para o nosso país.
Fonte: INE e ONU